27 de maio de 2019

TIJUCAS (31/10/ 2016): Ressaca destrói moradias e desaloja moradores de baixa renda

Reportagem: Ndmais Noticias (31/10/2016)
Por: MARCOS HOROSTECKI 

        Moradores de Tijucas atingidos pela ressaca querem ser removidos da beira-mar. Famílias do bairro Praça perderam quase todos os pertences e estão alojadas com amigos e parentes.
       Casas com mais de um metro e meio de areia dentro das salas, quartos e cozinhas. Muros destruídos, móveis arrastados, economias de uma vida inteira levadas pela água do mar
        O entorno da rua Pedro Mariano Rocha, no bairro da Praça, em Tijucas, na manhã desta segunda-feira, mais parecia o cenário de filme de guerra depois de um bombardeio. Enquanto as primeiras máquinas da prefeitura chegavam para limpar as ruas, moradores caminhavam pela praia, como se ainda não tivessem entendido o que ocorreu. Todos queriam mostrar a gravidade da situação em que estavam, quase ninguém sabia o que fazer para recuperar o que foi perdido. A maioria espera ajuda da comunidade e do poder público.
       Com a ajuda de vizinhos e lideranças da região, um grupo foi até o prefeito Valério Tomazi (PMDB) pedir ajuda e não gostou nada do que ouviu. Quando voltaram decidiram até impedir que as máquinas e os homens da secretaria de obras limpassem suas casas. “O que queremos é que ele nos leve para outro lugar. Eles têm condições de pegar um recurso e construir novas casas, não temos mais como ficar aqui, estamos com medo de perder tudo de novo”, disse o pedreiro Jeferson de Oliveira Santos, 26 anos. Na sexta-feira, o pedreiro estava trabalhando quando foi avisado que sua casa estava sendo inundada pelo mar. A ressaca e a maré alta levaram tudo o que ele a mulher, grávida e prestes a dar à luz, tinham. “Estamos na casa de amigos, incorformados, não sabia o que fazer. Não temos como retornar as nossas casas. Se ninguém nos ajudar, se a prefeitura não nos ajudar, não temos como fazer nada. Vamos continuar de favor na casa dos outros”, apelou a dona de casa Mara Lucia de Andrade, 36 anos. “Eu cheguei em casa às duas da tarde na sexta-feira. Minha sogra foi quem socorreu os meus filhos, porque o mar estava comendo tudo. Ninguém quer mais ficar aqui”, acrescentou. 
        O prefeito Valério Tomazi, disse que o melhor que pode ser feito agora é a limpeza das casas e das ruas da região. De acordo com ele, a prefeitura não tem recursos para reassentar as famílias e como o problema foi registrado em uma parte específica da cidade, não atende os requisitos para o decreto de situação de emergência. Nós estamos procurando atender as pessoas da melhor maneira possível. Oferecemos o ginásio de esportes para quem não tiver para onde ir, estamos em busca de donativos com a nossa assistência social e vamos trabalhar para remover a areia das casas”, garantiu  o prefeito. 

OBSERVAÇÃO: Segundo a prefeitura, trata-se de uma área invadida pelos moradores, área  irregular, bem em frente ao mar. Conforme os moradores, o local é conhecido como loteamento Ressoar e foi criado pela própria prefeitura, há 13 anos, quando do registro de outra ressaca semelhante (ndmais, 2016). 

Loteamento Ressoar: Bairro da Praça, em Tijucas - Moradia baixa renda 

Bairro da praça - Tijucas 


Reportagem: 

Vídeo: Maré alta invade casas de moradores no bairro Praça em Tijucas
https://www.youtube.com/watch?v=a-R0G4i3JU8

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Aprofundando o tema, segue a dissertação de Elaine Cristina dos Santos: Análise da Suscetibilidade e da Vulnerabilidade Costeira de um Sistema Semiabrigado a Eventos Extremos: Enseada de Tijucas - Santa Catarina. Orientação: Orientador: Prof. Dr. Jarbas Bonetti Filho. Programa de Pós-Graduação em Geografia/ UFSC (2018) 

https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/195798/PGCN0686-D.pdf?sequence=1&isAllowed=y 

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Dados do FIDE/S2ID: 

Segundo dados de notificação, reconhecido pela Secretaria Estadual de Proteção e a Defesa Civil do Estado de SC, o evento ocorreu em 28/10/2016, sendo cadastrado como: Ciclones - Marés de Tempestade (Ressacas). A alta da maré ocasionou alagamento e soterramento com areia da praia impactando as moradias sociais, no bairro Praça, causando danos e prejuízos como: perda de móveis, roupas, eletrodomésticos, alimentos, sendo que 7 (sete) casas foram totalmente destruídas pela intensidade do evento. As famílias de baixa renda, atingidas pelo evento, estão sendo atendidas pelo município com o pagamento do aluguel social.

Segundo notificação:
total de afetados 3.035 pessoas, 11 unidades habitacionais atingidas, 7 delas foram  destruídas e 4 danificadas. O valor total de prejuízos em obras de infraestrutura pública ao município foi considerável. Mais informações solicitar a defesa civil  do município o formulário de  informações do desastre (FIDE). 
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Notificação no Formulário de Informações do Desastre - FIDE/SINPDEC
Tijucas: 28/10/2016 -
Ciclones - Marés de Tempestade (Ressacas) 
Protocolo: PROTOCOLO Nº SC-F-4218004-13112-20161028
Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC
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Rita Dutra 
LAGECI UFSC

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